segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O que será (à flor da Terra)

Mais de um ano passado desde a última postagem aqui no blog, decidi voltar para dar mais uns bitaites sobre música. Como tenho visto que este blog tem tido alguma procura, decidi ressuscitá-lo. Mas não digo que terá uma publcação regular. De vez em quando (e mais frequentemente) virei aqui escrever sobre uma música.

E decidi, para este post, falar-vos do épico brasileiro «O que será? (à flor da Terra)».

A música é da autoria de Chico Buarque, um dos maiores nomes da música brasileira, e contou com a participação de Milton Nascimento. Foi editada no álbum «Meus caros amigos», de 1976, sendo a primeira faixa do lado A do LP. Nesse álbum foi também mostrado ao mundo outro grande êxito deste mestre da música brasileira, «Meu caro amigo».

Foi originalmente usada para o filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos", onde foram feitas três versões, que marcam passagens diferentes do filme: "Abertura", "À Flor da Pele" e "À Flor da Terra". Mas "O Que Será", em qualquer das versões, é uma obra-prima.

Esta música tornou-se numa das mais conhecidas de Chico Buarque, tendo sido alvo de vários covers.

(peço desculpa pela pobreza do artigo, mas encontrei muito pouca informação sobre ela).

Letra da música

O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos?
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho...

O que será? Que Será?
Que vive nas idéias
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...

O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...(2x)

Letra da versão «(à flor da pele)»

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
O que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
O que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo


Vídeos

Versão original da música (a que saiu em disco)


Duas versões ao vivo com Chico Buarque e Milton Nascimento



A versão «(à flor da pele)» cantada em dueto com Rei Roberto Carlos em 1993.


O original do LP cantado por Simone


A versão «(à flor da pele)» numa performance de Toquinho e Miúcha (1978)


E por hoje é tudo!
Até ao próximo post (espero que não seja daqui a um ano) e ouçam boa música!

3 comentários:

Rafael Castellar das Neves disse...

Pobreza nada...ótimo, isso sim!!

[]ss

Paulo Gonçalves disse...

Gostei do Blogue.

Syl disse...

Obrigada pelo seu post! Tampouco achei 'pobre'; me explicou muito!